Sam Harris

Sam Harris - Agenda Secularista
Na Carta a uma Nação Cristã, Sam Harris é claro acerca de sua agenda secularista. Como tal, Sam Harris afirma dirigir-se aos cristãos em um sentido muito restrito, como pessoas que creem "no mínimo, que a Bíblia é a palavra inspirada de Deus e que somente aqueles que aceitam a divindade de Jesus Cristo encontrarão salvação após a morte.”¹⁰ Contudo, ao ler o seu livro, torna-se evidente que estas não são as únicas duas doutrinas do Cristianismo sob ataque. Na Carta a uma Nação Cristã, Sam Harris se dispõe a "demolir as pretensões intelectuais e morais do Cristianismo em suas formas mais comprometidas.”¹¹ Em resposta, estarei dirigindo os meus comentários ao Sr. Harris e a qualquer leitor que ache seus argumentos persuasivos. Uma "pretensão" é uma reivindicação insustentável. No entanto, é o Cristianismo verdadeiramente insustentável? Ou será que evidências boas, convincentes, intelectuais, históricas, filosóficas e até mesmo científicas existem para apoiá-lo?

Sam Harris salienta que uma pesquisa recente do Gallup "revelou que 53% dos americanos são em realidade criacionistas.”¹² Em seguida, ele continua dizendo que "isto significa que apesar de um século cheio de conhecimentos científicos que atestam à antiguidade da vida e à maior antiguidade da terra, mais de metade dos nossos vizinhos acreditam que o cosmos inteiro foi criado há seis mil anos.”¹³ Ele não menciona que entre os cristãos que acreditam que Deus criou a Terra, existem pelo menos dois campos, os criacionistas da terra jovem e os criacionistas da terra antiga. Apesar de muita polêmica entre os cristãos, a opinião a respeito da idade da terra é classificada como um conceito não-essencial que cai fora do âmbito da doutrina cristã fundamental. Embora ambos os campos acreditem que Deus "criou" o cosmos e, portanto, consideram-se criacionistas, isso não significa que ambos aderem a uma idade de seis mil anos para o cosmos. Ao ler a pesquisa de tal forma a igualar os criacionistas especificamente com criacionistas da terra jovem, Harris comete a falácia lógica do equívoco. Muitos dos norte-americanos que participaram da pesquisa provavelmente não interpretaram o termo criacionista com o significado de criacionista da terra jovem.

Lembre-se também que os americanos de outras religiões podem muito bem acreditar em alguma forma de criação. Sabemos que a maioria das outras religiões constituem uma parcela menor da população americana que os cristãos, mas sua participação alteraria um pouco as estatísticas. Por exemplo, a maioria dos muçulmanos sunitas geralmente se classificariam como criacionistas, mas aderem a uma forma islâmica de criacionismo evolucionário. Portanto, a maioria dos muçulmanos sunitas não acredita que o cosmos inteiro foi criado há seis mil anos. Os muçulmanos sunitas representam a maioria dos muçulmanos nos Estados Unidos, assim como no resto do mundo.¹⁴

Sam Harris - Invalidez Estatística
As estatísticas têm sido por muito tempo intencionalmente mal utilizadas para interpretar os dados de maneira que os resultados pareçam favoráveis para o apresentador. Harris ou intencionalmente alia-se com esta tradição duvidosa de invalidez estatística ou simplesmente não consegue ver o impacto dos fatores não especificados que alteraram os resultados em seu favor. Afirmando compreender claramente aquilo em que "acreditamos”¹⁵, Harris procede a pronunciar julgamento sobre nós por essas crenças. Infelizmente, o seu entendimento de nossas crenças aparenta ser tão distorcido como as suas estatísticas.

Sam Harris afirma que "o objetivo principal de [seu] livro é armar os secularistas em nossa sociedade que acreditam que a religião deva ser mantida fora de ordem pública, contra os seus opositores da direita cristã.”¹⁶ Por outro lado, proponho oferecer uma resposta aos secularistas que têm sido equipados dessa maneira. No entanto, independentemente dos seus efeitos sobre as políticas públicas, continua a ser o meu sincero desejo que este livro vai fornecer ao leitor, juntamente com o Sr. Harris, uma imagem mais clara da razoabilidade da fé Cristã clássica, ortodoxa, protestante e evangélica. É precisamente essa "fé razoável”¹⁷ que tem o poder de mudar vidas e, por sua vez, transformar a nossa sociedade para melhor.